Uma das modas das administrações
municipais são os espaços culturais. Como se a cultura pudesse ser contida num
determinado espaço, ou se ela mesma fosse um espaço. Cultura tem muitos sentidos.
Para Hegel a cultura é formada por oito eixos: língua, religião, costumes sociedade,
ciência, economia política e artes. Cultura é enfim o conjunto deles. Como diz
Ortega y Gasset “Cultura é o sistema de ideias vivas
que cada época possui. ’ Cultura neste sentido é histórica, pois muda
com o tempo e com o lugar.
Caxias tem uma cultura que lhe é própria,
por outro lado sua produção cultural é pequena. Parece amarrada em 1975 (centenário
da imigração italiana). Produção cultural é apenas um dos produtos da cultura.
A Casa da Cultura de Caxias é o lugar onde deveria ser apresentada a sua
produção cultural. Ela apresenta discutíveis exigências. Parece destinada as
artes e as manifestações culturais das classes dominantes.
Mas o que realmente interessa é a cedência
da área da antiga Metalúrgica Abramo Eberle
(Maesa), pelo governo estadual ao município de Caxias do
Sul, sem ônus à
administração municipal. Um presente e tanto. Poucas vezes a cidade foi assim beneficiada.
Trata-se agora pensar em seu
aproveitamento. Porto Alegre é o exemplo vivo do que
não deve ser feito, em matéria de cultura. Lá vegetam dezenas de espaços
culturais vazios em busca de aproveitamento. É bom não incidir no mesmo erro,
chega de espaços vazios!
Seria interessante pensar para o novo
espaço em algo prático que trouxesse benefícios para toda a comunidade. As
secretarias municipais espalhadas pela cidade poderiam ser centralizadas na
MAESA. Uma economia e tanto!Nas grandes áreas da empresa poderia ser feito ainda
um teatro aberto às manifestações
artísticas populares.
O meu temor
é que seja organizado um CTG Central, reunindo a memória gaúcha, tal como o
velho e patético Museu do Rincão da
Lealdade. Segundo o Prefeito o destino do
espaço deverá ser pensado ouvindo a comunidade. Mas, ele já deve ter
pensado o que fazer naqueles vastos espaços. Circulam algumas propostas estapafúrdias para seu futuro aproveitamento.O que é próprio da
cidade!
Porém, os prédios estão garantidos, está em andamento o processo de tombamento das
construções da MAESA recomendado pelo Conselho Municipal do Patrimônio
Histórico Artístico e Cultural (Comphac).
Pensar bastante e discutir o destino daqueles espaços não faz
mal. Não faz mal também consultar pessoas que entendam de cultura e de administração.
Nada como um pouco de humildade, para se
chegar se a um bom termo. Qual é o caminho para a humildade? Responde Chico
Xavier :” Fale pouco e ouça mais”.Fácil assim.
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