sábado, 26 de julho de 2014

ESPAÇOS VAZIOS!



Uma das modas das administrações municipais são os espaços culturais. Como se a cultura pudesse ser contida num determinado espaço, ou se ela mesma fosse um espaço. Cultura tem muitos sentidos. Para Hegel a cultura é formada por oito eixos: língua, religião, costumes sociedade, ciência, economia política e artes. Cultura é enfim o conjunto deles. Como diz Ortega y Gasset “Cultura é o sistema de ideias vivas que cada época possui. ’ Cultura neste sentido é histórica, pois muda com o tempo e com o lugar.
Caxias tem uma cultura que lhe é própria, por outro lado sua produção cultural é pequena. Parece amarrada em 1975 (centenário da imigração italiana). Produção cultural é apenas um dos produtos da cultura. A Casa da Cultura de Caxias é o lugar onde deveria ser apresentada a sua produção cultural. Ela apresenta discutíveis exigências. Parece destinada as artes e as manifestações culturais das classes dominantes.
Mas o que realmente interessa é a cedência da área da antiga Metalúrgica Abramo Eberle (Maesa), pelo governo estadual ao município de Caxias do Sul, sem ônus à administração municipal. Um presente e tanto. Poucas vezes a cidade foi assim beneficiada.  Trata-se agora pensar em seu aproveitamento. Porto Alegre é o exemplo vivo do que não deve ser feito, em matéria de cultura. Lá vegetam dezenas de espaços culturais vazios em busca de aproveitamento. É bom não incidir no mesmo erro, chega de espaços vazios!
Seria interessante pensar para o novo espaço em algo prático que trouxesse benefícios para toda a comunidade. As secretarias municipais espalhadas pela cidade poderiam ser centralizadas na MAESA. Uma economia e tanto!Nas grandes áreas da empresa poderia ser feito ainda um teatro aberto às  manifestações artísticas populares.
O meu temor é que seja organizado um CTG Central, reunindo a memória gaúcha, tal como o velho e  patético Museu do Rincão da Lealdade. Segundo o Prefeito o destino do espaço deverá ser pensado ouvindo a comunidade. Mas, ele já deve ter pensado o que fazer naqueles vastos espaços. Circulam algumas propostas estapafúrdias para seu  futuro aproveitamento.O que é próprio da cidade!
 Porém, os prédios estão garantidos, está em  andamento o processo de tombamento das construções da MAESA recomendado pelo Conselho Municipal do Patrimônio Histórico Artístico e Cultural (Comphac).
Pensar bastante  e discutir o destino daqueles espaços não faz mal. Não faz mal também consultar pessoas que entendam de cultura e de administração. Nada como um pouco de humildade, para  se chegar se a um bom termo. Qual é o caminho para a humildade? Responde Chico Xavier :” Fale pouco e ouça mais”.Fácil assim.


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