sábado, 29 de agosto de 2015

BARBÁRIE











            No dia 02 de setembro completa setenta anos do fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A data parece passar despercebida.A Guerra foi palco da maior matança de todos os tempos, das atrocidades e da  barbárie maior da humanidade em todos os tempos.Sua ação merece ser repensada em cada geração para que não mais se repita tal violência contra os seres humanos.
Quem foi o responsável pelos 120 milhões de mortos no conflito? Alguns acusam Einstein por ter sido o teórico da teoria que deu base à bomba atômica. Outros os  cientistas que tudo fizeram para a  sua construção, Oppenheimer entre outros. Na verdade foram os chefes dos estados beligerantes sejam os dos Aliados ou os do Eixo os causadores das mortes e das destruições ocorridas. Não foi apenas Hitler em geral culpado por tudo o que ocorreu. Foram Stalin, Churchill, Roosevelt e Hiroito entre outros que fizeram da Guerra o domínio da crueldade. Em relação a ela não há inocentes, há vencidos e vencedores. Os vencedores liderados pelos Estados Unidos jogaram sobre a Alemanha todas as culpas. Mas não se pode esquecer que foram os Estados Unidos e a Inglaterra que destruíram mais cidades, onde viviam inocentes civis como Dresden, Hiroshima e Nagasaki para citar apenas três. 
 Na União Soviética morreram mais de vinte milhões de pessoas, sendo mais da metade delas, civis. Como é possível explicar tais acontecimentos? Não há outra explicação a não ser a busca insensata pelo domínio mundial. Acusar um individuo é fácil, assumir as responsabilidades é outra história. Desde os tempos dos romanos os vencedores calam suas culpas e as atrocidades e as transferem aos vencidos. È mais fácil acusar do que assumir a culpa. Enquanto houver o culto da violência haverá guerra.
Diz Einstein: ”Enquanto a possibilidade da guerra não for radicalmente extinta, as nações não consentirão em se despojar do direito de se equipar militarmente do melhor modo possível para esmagar o inimigo de uma futura guerra. Não se poderá evitar que a juventude seja educada com as tradições guerreiras, nem que o ridículo orgulho nacional seja exaltado paralelamente com a mitologia heroica do guerreiro, enquanto for necessário fazer vibrar nos cidadãos esta ideologia para a resolução armada dos conflitos. Armar-se significa exatamente isto: não aprovar e nem organizar a paz, mas dizer sim à guerra e prepará-la.”.
Isto significa que a preparação para guerra é o principal estímulo de muitos países. Enquanto isso muitos países continuam com a preparação para a guerra. Sem a parafernália militar não poderia haver conflitos. O avanço técnico militar não para de crescer e de se aperfeiçoar, Não é preciso ser muito esperto para entender isso só pode levar a uma hecatombe. As guerras podem levar ao fim  da civilização, e até ao fim do homem na terra,Não restando pedra sobre pedra pelo poder de armas  tão potentes .Como disse o cientista já citado :”Não sei com que armas a III Guerra Mundial será lutada. Mas a IV Guerra Mundial será lutada com paus e pedras.”Isso com otimismo ,se dela  sobrar algum homem.


segunda-feira, 24 de agosto de 2015

DA EDUCAÇÃO







            No Brasil os professores do sistema público são mal pagos, as escolas mal cuidadas, ainda assim por ser muitos a despesa é imensa. Mas não é só a educação que envolve a máquina estatal, ela precisa de muitas categorias e de muitos funcionários para funcionar. As despesas com o funcionalismo são estratosféricas. È a herança da burocracia portuguesa que corroem o Estado. Isso ocorre desde os tempos da reforma de Pombal, ou seja, desde o século XVIII. Na semana que corre as 43 categorias do  funcionalismo do estado do  Rio Grande do Sul estão paralisadas.O Estado quebrado não tem condições de  resolver o problema. Os funcionários tem razão de reclamar. Ninguém pode vive com salários parcelados. É injusto e ilegal.
Com gastos e investimentos o mais importante em um país é a educação. Os países europeus mais avançados cuidam da educação como um bem maior, sendo ela gratuita em todos os níveis. Nos Estados Unidos onde impera a livre iniciativa as maiores e melhores universidades são privadas e caras. Elas definem as políticas educacionais. Só os muito ricos ou muito competentes tem acesso a elas. Formam as elites que controlam o reino do capital
O Brasil tem tateado em busca de soluções para o funncionalismo, mas em vão, o mesmo ocorre em relação à educação.  De forma geral o ônus maior pela educação cabe ao Estado. Num país de política intervencionista é o Estado que determina as normas e os caminhos da educação. Tanto no Estado, como nos estados e municípios o sistema educacional é regido pela lei maior a LDB (lei de diretrizes e bases) da qual nenhuma das instancias pode escapar. Este é o Brasil desde sempre!As leis são claras, mas o mesmo não ocorre com os procedimentos, que são sempre dúbios e que empurram as soluções para os próximos governos!
O município de Caxias age dessa mesma forma. Soluções não há e as atitudes das autoridades ligadas ao ensino no município deixam muito a desejar. As reivindicações são respondidas com um: “Se não está contente que mude de escola.” Mas há mais, o principal problema é a falta de condições de trabalho. Uma constante tem sido  usar ,nas escolas do meio rural  a uni docência,não para as series inicias mas  para as series finais do ensino fundamental.Tal fato atenta não só contra a Lei, a  qualidade de ensino  e a aprendizagem. Sem aprendizagem onde fica o conhecimento? Tal prática é condenar o aluno à ignorância.
Não houve governante melhor para a educação, do que Leonel Brizola, suas as palavras são: ”A educação é o único caminho para emancipar o homem. O desenvolvimento sem educação é criação de riqueza apenas para alguns privilegiados.” Ou como disse Paulo Freire o maior dos educadores brasileiros: ”A educação não transforma o mundo. Muda as pessoas. São as pessoas que mudam o mundo.” Pensem nisso!

.

sábado, 15 de agosto de 2015

HERÓIS SEM TALENTO











]
















Há pela cidade muitas pessoas que foram (são e serão) homenageadas com nomes de ruas, algumas eternizadas (palavra exagerada) em bronze, que na verdade não parecem ser merecedoras de tais honrarias.
Não gostaria de citar nomes, mas alguns realmente mereceriam ser lembrados. Um marechal ditador e sanguinário dá nome a uma escola local, situada no alto de um morro. Já que se desejava homenagear um militar por que não escolher, por exemplo, o general historiador, um dos maiores  do Brasil?
Há uma escola (há várias) cuja  patrona nada fez pela educação, muito menos por Caxias, seja em qualquer setor. Ela passou a vida pitando, tomando chimarrão e falando da vida alheia. Nem os trabalhos domésticos ela fazia. Ao que tudo indica, sua única obra foi ser mãe de uma coordenadora da 5ª CRE (Coordenadoria Regional de Educação) nos piores tempos da ditadura, que conseguiu dar a uma escola o nome de sua progenitora.  
Há outros exemplos. Um dos homenageados pouco merecedores de encômios é certo padre cuja estátua enfeita a cidade. O padre foi um dos mais retrógrados com que cidade já foi brindada. Perseguiu comunistas, pobres prostitutas e gays em cruzadas inolvidáveis. Fez com que as casas noturnas fossem removidas do centro da cidade. Algo digno de certo deputado federal por São Paulo, paradigma do conservadorismo e do atraso. Porém nenhuma luta tem vitórias eternas, hoje as boates retomaram seus antigos espaços – sob o olhar reprovador da estátua impotente.
Umas das ruas mais importantes de Caxias leva o nome do inventor da degola, militar gaúcho que matou tanto os pobres colonos alemães seguidores de Jacobina, como os cablocos seguidores de Antonio Conselheiro, depois de muito ter treinado sua arte na Guerra do Paraguai. Foi um dos militares mais desprezíveis da história brasileira.
Não é nenhum crime ser isento de qualidades, nem ter excesso de defeitos. Na verdade, há mais ruas do que indivíduos que mereçam ser cultuados. Daí a necessidade de vultos para batizá-las, mesmo insignificantes ou criminosos. Pergunta-se em quê um marechal que foi ditador durante os anos de chumbo, um padre sinistro ou um degolador podem servir de exemplo ao povo de uma cidade?  Como quase todos desconhecem quem são os homenageados, fica o dito pelo não dito e o feito pelo não feito!Mas quem sabe sofre!
Muitas vezes há mais escorregões nos caminhos das indicações de nomes a serem lembrados do que seria lícito suportar. Mas, como diz Nélson Rodrigues: “Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos.” Pelo jeito, também  é assim  que se fazem homenagens!





terça-feira, 11 de agosto de 2015

EBERLE
















Na região, durante mais de oitenta anos, o nome Eberle mais do que uma marca foi uma grife. Hoje pouco lembrado, já foi sinônimo de alta qualidade, de bons produtos e de beleza.
A Metalúrgica que levava este nome teve inicio em 1884 quando uma jovem chamada Luiza Eberle, sendo mais conhecida como de Gigia Bandera, ou seja, em bom português Luizinha, a funileira. Ela tinha vindo com seu marido e filhos de Mont Magrê (Vicenza) na Italia, onde exercia sua profissão em uma fábrica. O marido preferia a agricultura. Assim quando chegou à colônia Caxias, Giuseppe foi trabalhar em seu lote rural na VII Légua, enquanto Gigia trabalhava em sua funilaria no centro do núcleo colonial. O arranjo deu certo e durante anos os esposos só se viam nos fins de semana. Para auxiliar na criação dos filhos havia a sogra, tal arranjo durou até 1896, quando Giuseppe decidiu que era hora de Gigia  voltar para casa. Ainda assim a funilaria permaneceu na família, pois foi vendida para o filho Abramo que então  tinha 16 anos. Ele continuou com o trabalho da mãe ampliando o empreendimento que se tornou a maior indústria metalúrgica da América Latina. Na Metalúrgica se produziam talheres, artefatos para cavalos, como selins, arreios, chicotes, artigos religiosos  entre outros. Em 1939 passou a produzir  até motores elétricos, participando do esforço de guerra do Brasil durante a Segunda Guerra(1939-1945).
Mas o tempo passou, Abramo morreu. Seus filhos levaram a empresa adiante criando novas empresas, tornando-a uma sociedade anônima. Logo chegou a vez dos netos que não tiveram competência ou interesse em levar a empresa adiante. Foi um desastre administrativo. Os netos seguiram vivendo bem afinal o capital gerado pela Eberle foi grande, mas a empresa acabou. Foi vendida e fechada. Hoje restam alguns dos vários prédios que fizeram parte do seu complexo industrial, que mais do que uma indústria foi um celeiro e marco primeiro do polo metal mecânico de Caxias.
Agora no município se fala em como aproveitar os prédios da Eberle. Ninguém pediu minha opinião, mas ainda assim gostaria de sugerir a criação e a organização de um museu da indústria metalúrgica.

 Com a demonstração e a produção de alguns dos objetos que fizeram da Eberle conhecida por sua qualidade. Seria importante fazer um arrolamento do que sobrou das máquinas originais e partir daí montar um projeto inovador, como os que existem em Munique, por exemplo, que tem o maior museu tecnológico do mundo. Não seria uma bela maneira de lembrar a origem da riqueza de Caxias?Bastaria buscar parceria com as metalúrgicas que hoje garantem a manutenção do que foi iniciado pela Eberle. Poderia ser um museu vivo onde a produção fosse realizada diante dos visitantes. Não seriam necessários altos fornos, bastaria a matrizaria para a confecção de artigos simples como talheres. Há muito material que foi doado ao Museu Municipal e muito se encontra nas antigas fábricas. Custaria pouco fazer um belo projeto, recursos para isso existem. Basta saber busca-los. Fica a sugestão!

sábado, 1 de agosto de 2015

CATEDRAIS






            O que há de mais belo na Alsácia são as cegonhas, as catedrais e os vinhedos. A região da França está situada em seu extremo leste, na fronteira com a Suíça e Alemanha, merece ser visitada. Durante  anos ela foi disputada pela Alemanha e pela França guardando semelhanças com a primeira na arquitetura e com a segunda na língua.
            As cegonhas desde sempre fizeram ninhos em seus telhados, hoje há criatórios delas, para que ali  permaneçam. Os vinhedos do Alto e Baixo Reno ocupam centenas de quilômetros sendo os mais belos que podem existir. Datam da conquista romana e desde então alegraram gerações de vinhateiros e de bebedores. Cantinas é o que não falta e os vinhos são excelentes.
            As catedrais são mais recentes do que as cegonhas e as videiras, ainda assim datam da Idade Média. Algumas são extraordinárias,em geral feitas em pedra vermelha.Há algumas que se destacam, como a pequena joia gótica  flamboyant(flamejante), a Collegiale  de Thann, dedicada a São Tiebaut ,datando  do século XIV,do mesmo construtor da de Estrasburgo, o alemão Ulrich Ensingen (1350-1419) .Esta é  outra catedral do mesmo estilo ,com  142 metros de altura e que durante séculos foi o mais alto edifício do mundo.  
A mais antiga das catedrais da Alsacia é a Abadia beneditina  de Murbach ,situada em Guebwiller. A catedral românica teria sido erigida no século VII,sendo dedicada a São Pirmino .Foi centro importante, onde havia castelos, cunhavam-se  moeda,possuindo até  um exército.A Igreja foi parcialmente destruída na Guerra dos 30 anos,hoje existe apenas  o centro da Igreja .Na frente da catedral há um  jardim medieval ,que por sinal é idêntico ao plantado pelas avós  imigrantes .Vale a pena visitar ainda o convento e o santuário  de Santa Odila, no castelo de Hohenbourg .Belíssima!
Estas considerações podem ser encontradas em qualquer guia turístico. Mas há coisas que nem o Google apresenta. Uma delas é o caráter profano das estatuas existentes na parte externa das catedrais. As imagens não são de santos ,ao contrario, são pessoas comuns da época: belas jovens, gais, pessoas com deficiências, reis  imbecis,enfim,  um panorama da sociedade medieval.Uma  presença marcante  de pessoas que viveram em tempos idos.Há inclusive imagens pouco edificantes como uma que mostra o traseiro,situada  na face leste da catedral de Estrasburgo. Em geral os visitantes não percebem tais coisas. Estas imagens profanas algumas até fesceninas dão outra dimensão do mundo medieval, nem tão santo, nem tão contido pela Inquisição. Ao contrario revela um mundo alegre, amoral e muito humano, como o mundo de hoje. È notável como há permanências no tempo. O futuro resulta de um processo histórico, já presente e latente no passado. Lembrando Walter Benjamim, cada época não somente sonha a seguinte, como ao sonhá-la a impele a despertar. O passado é condição essencial do presente, uma antecipação  do futuro.