sábado, 1 de agosto de 2015

CATEDRAIS






            O que há de mais belo na Alsácia são as cegonhas, as catedrais e os vinhedos. A região da França está situada em seu extremo leste, na fronteira com a Suíça e Alemanha, merece ser visitada. Durante  anos ela foi disputada pela Alemanha e pela França guardando semelhanças com a primeira na arquitetura e com a segunda na língua.
            As cegonhas desde sempre fizeram ninhos em seus telhados, hoje há criatórios delas, para que ali  permaneçam. Os vinhedos do Alto e Baixo Reno ocupam centenas de quilômetros sendo os mais belos que podem existir. Datam da conquista romana e desde então alegraram gerações de vinhateiros e de bebedores. Cantinas é o que não falta e os vinhos são excelentes.
            As catedrais são mais recentes do que as cegonhas e as videiras, ainda assim datam da Idade Média. Algumas são extraordinárias,em geral feitas em pedra vermelha.Há algumas que se destacam, como a pequena joia gótica  flamboyant(flamejante), a Collegiale  de Thann, dedicada a São Tiebaut ,datando  do século XIV,do mesmo construtor da de Estrasburgo, o alemão Ulrich Ensingen (1350-1419) .Esta é  outra catedral do mesmo estilo ,com  142 metros de altura e que durante séculos foi o mais alto edifício do mundo.  
A mais antiga das catedrais da Alsacia é a Abadia beneditina  de Murbach ,situada em Guebwiller. A catedral românica teria sido erigida no século VII,sendo dedicada a São Pirmino .Foi centro importante, onde havia castelos, cunhavam-se  moeda,possuindo até  um exército.A Igreja foi parcialmente destruída na Guerra dos 30 anos,hoje existe apenas  o centro da Igreja .Na frente da catedral há um  jardim medieval ,que por sinal é idêntico ao plantado pelas avós  imigrantes .Vale a pena visitar ainda o convento e o santuário  de Santa Odila, no castelo de Hohenbourg .Belíssima!
Estas considerações podem ser encontradas em qualquer guia turístico. Mas há coisas que nem o Google apresenta. Uma delas é o caráter profano das estatuas existentes na parte externa das catedrais. As imagens não são de santos ,ao contrario, são pessoas comuns da época: belas jovens, gais, pessoas com deficiências, reis  imbecis,enfim,  um panorama da sociedade medieval.Uma  presença marcante  de pessoas que viveram em tempos idos.Há inclusive imagens pouco edificantes como uma que mostra o traseiro,situada  na face leste da catedral de Estrasburgo. Em geral os visitantes não percebem tais coisas. Estas imagens profanas algumas até fesceninas dão outra dimensão do mundo medieval, nem tão santo, nem tão contido pela Inquisição. Ao contrario revela um mundo alegre, amoral e muito humano, como o mundo de hoje. È notável como há permanências no tempo. O futuro resulta de um processo histórico, já presente e latente no passado. Lembrando Walter Benjamim, cada época não somente sonha a seguinte, como ao sonhá-la a impele a despertar. O passado é condição essencial do presente, uma antecipação  do futuro.


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