O
que há de mais belo na Alsácia são as cegonhas, as catedrais e os vinhedos. A
região da França está situada em seu extremo leste, na fronteira com a Suíça e Alemanha,
merece ser visitada. Durante anos ela foi
disputada pela Alemanha e pela França guardando semelhanças com a primeira na
arquitetura e com a segunda na língua.
As cegonhas desde sempre fizeram ninhos em seus telhados,
hoje há criatórios delas, para que ali
permaneçam. Os vinhedos do Alto e Baixo Reno ocupam centenas de quilômetros
sendo os mais belos que podem existir. Datam da conquista romana e desde então
alegraram gerações de vinhateiros e de bebedores. Cantinas é o que não falta e
os vinhos são excelentes.
As catedrais são mais recentes do que as cegonhas e as videiras,
ainda assim datam da Idade Média. Algumas são extraordinárias,em geral feitas
em pedra vermelha.Há algumas que se destacam, como a pequena joia gótica flamboyant(flamejante), a Collegiale de Thann, dedicada a São Tiebaut ,datando do século XIV,do mesmo construtor da de
Estrasburgo, o alemão Ulrich Ensingen (1350-1419) .Esta é outra catedral do mesmo estilo ,com 142 metros de altura e que durante séculos
foi o mais alto edifício do mundo.
A mais antiga das catedrais da Alsacia é a Abadia beneditina de Murbach ,situada em Guebwiller. A catedral
românica teria sido erigida no século VII,sendo dedicada a São Pirmino .Foi
centro importante, onde havia castelos,
cunhavam-se moeda,possuindo até um exército.A Igreja foi parcialmente
destruída na Guerra dos 30 anos,hoje existe apenas o centro da Igreja .Na frente da catedral há
um jardim medieval ,que por sinal é
idêntico ao plantado pelas avós imigrantes .Vale a pena visitar ainda o
convento e o santuário de Santa Odila,
no castelo de Hohenbourg .Belíssima!
Estas
considerações podem ser encontradas em qualquer guia turístico. Mas há coisas
que nem o Google apresenta. Uma delas é o caráter profano das estatuas existentes
na parte externa das catedrais. As imagens não são de santos ,ao contrario, são
pessoas comuns da época: belas jovens, gais, pessoas com deficiências, reis imbecis,enfim, um panorama da sociedade medieval.Uma presença marcante de pessoas que viveram em tempos idos.Há
inclusive imagens pouco edificantes como uma que mostra o traseiro,situada na face leste da catedral de Estrasburgo. Em
geral os visitantes não percebem tais coisas. Estas imagens profanas algumas
até fesceninas dão outra dimensão do mundo medieval, nem tão santo, nem tão
contido pela Inquisição. Ao contrario revela um mundo alegre, amoral e muito
humano, como o mundo de hoje. È notável como há
permanências no tempo. O futuro resulta de um processo histórico, já presente e
latente no passado. Lembrando Walter Benjamim, “cada época não somente sonha a seguinte, como ao sonhá-la a impele
a despertar”. O passado é condição essencial do presente, uma
antecipação do futuro.
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