Na
região, durante mais de oitenta anos, o nome Eberle mais do que uma marca foi
uma grife. Hoje pouco lembrado, já foi sinônimo de alta qualidade, de bons
produtos e de beleza.
A
Metalúrgica que levava este nome teve inicio em 1884 quando uma jovem chamada
Luiza Eberle, sendo mais conhecida como de Gigia Bandera, ou seja, em bom
português Luizinha, a funileira. Ela tinha vindo com seu marido e filhos de
Mont Magrê (Vicenza) na Italia, onde exercia sua profissão em uma fábrica. O
marido preferia a agricultura. Assim quando chegou à colônia Caxias, Giuseppe
foi trabalhar em seu lote rural na VII Légua, enquanto Gigia trabalhava em sua
funilaria no centro do núcleo colonial. O arranjo deu certo e durante anos os
esposos só se viam nos fins de semana. Para auxiliar na criação dos filhos
havia a sogra, tal arranjo durou até 1896, quando Giuseppe decidiu que era hora
de Gigia voltar para casa. Ainda assim a
funilaria permaneceu na família, pois foi vendida para o filho Abramo que então
tinha 16 anos. Ele continuou com o
trabalho da mãe ampliando o empreendimento que se tornou a maior indústria
metalúrgica da América Latina. Na Metalúrgica se produziam talheres, artefatos
para cavalos, como selins, arreios, chicotes, artigos religiosos entre outros. Em 1939 passou a produzir até motores elétricos, participando do esforço
de guerra do Brasil durante a Segunda Guerra(1939-1945).
Mas
o tempo passou, Abramo morreu. Seus filhos levaram a empresa adiante criando
novas empresas, tornando-a uma sociedade anônima. Logo chegou a vez dos netos
que não tiveram competência ou interesse em levar a empresa adiante. Foi um
desastre administrativo. Os netos seguiram vivendo bem afinal o capital gerado
pela Eberle foi grande, mas a empresa acabou. Foi vendida e fechada. Hoje
restam alguns dos vários prédios que fizeram parte do seu complexo industrial, que
mais do que uma indústria foi um celeiro e marco primeiro do polo metal
mecânico de Caxias.
Agora
no município se fala em como aproveitar os prédios da Eberle. Ninguém pediu
minha opinião, mas ainda assim gostaria de sugerir a criação e a organização de
um museu da indústria metalúrgica.
Com a demonstração e a produção de alguns dos
objetos que fizeram da Eberle conhecida por sua qualidade. Seria importante
fazer um arrolamento do que sobrou das máquinas originais e partir daí montar
um projeto inovador, como os que existem em Munique, por exemplo, que tem o maior
museu tecnológico do mundo. Não seria uma bela maneira de lembrar a origem da
riqueza de Caxias?Bastaria buscar parceria com as metalúrgicas que hoje
garantem a manutenção do que foi iniciado pela Eberle. Poderia ser um museu vivo
onde a produção fosse realizada diante dos visitantes. Não seriam necessários
altos fornos, bastaria a matrizaria para a confecção de artigos simples como
talheres. Há muito material que foi doado ao Museu Municipal e muito se encontra
nas antigas fábricas. Custaria pouco fazer um belo projeto, recursos para isso existem.
Basta saber busca-los. Fica a sugestão!
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