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Há
pela cidade muitas pessoas que foram (são e serão) homenageadas com nomes de
ruas, algumas eternizadas (palavra exagerada) em bronze, que na verdade não parecem
ser merecedoras de tais honrarias.
Não
gostaria de citar nomes, mas alguns realmente mereceriam ser lembrados. Um
marechal ditador e sanguinário dá nome a uma escola local, situada no alto de
um morro. Já que se desejava homenagear um militar por que não escolher, por
exemplo, o general historiador, um dos maiores
do Brasil?
Há
uma escola (há várias) cuja patrona nada
fez pela educação, muito menos por Caxias, seja em qualquer setor. Ela passou a
vida pitando, tomando chimarrão e falando da vida alheia. Nem os trabalhos
domésticos ela fazia. Ao que tudo indica, sua única obra foi ser mãe de uma
coordenadora da 5ª CRE (Coordenadoria Regional de Educação) nos piores tempos
da ditadura, que conseguiu dar a uma escola o nome de sua progenitora.
Há
outros exemplos. Um dos homenageados pouco merecedores de encômios é certo padre
cuja estátua enfeita a cidade. O padre foi um dos mais retrógrados com que
cidade já foi brindada. Perseguiu comunistas, pobres prostitutas e gays em cruzadas
inolvidáveis. Fez com que as casas noturnas fossem removidas do centro da cidade.
Algo digno de certo deputado federal por São Paulo, paradigma do
conservadorismo e do atraso. Porém nenhuma luta tem vitórias eternas, hoje as boates
retomaram seus antigos espaços – sob o olhar reprovador da estátua impotente.
Umas
das ruas mais importantes de Caxias leva o nome do inventor da degola, militar
gaúcho que matou tanto os pobres colonos alemães seguidores de Jacobina, como
os cablocos seguidores de Antonio Conselheiro, depois de muito ter treinado sua
arte na Guerra do Paraguai. Foi um dos militares mais desprezíveis da história
brasileira.
Não
é nenhum crime ser isento de qualidades, nem ter excesso de defeitos. Na
verdade, há mais ruas do que indivíduos que mereçam ser cultuados. Daí a
necessidade de vultos para batizá-las, mesmo insignificantes ou criminosos.
Pergunta-se em quê um marechal que foi ditador durante os anos de chumbo, um
padre sinistro ou um degolador podem servir de exemplo ao povo de uma cidade? Como quase todos desconhecem quem são os
homenageados, fica o dito pelo não dito e o feito pelo não feito!Mas quem sabe
sofre!
Muitas
vezes há mais escorregões nos caminhos das indicações de nomes a serem
lembrados do que seria lícito suportar. Mas, como diz Nélson Rodrigues: “Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz
literatura, política e futebol com bons sentimentos.” Pelo jeito, também é assim que se fazem homenagens!
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