sábado, 15 de agosto de 2015

HERÓIS SEM TALENTO











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Há pela cidade muitas pessoas que foram (são e serão) homenageadas com nomes de ruas, algumas eternizadas (palavra exagerada) em bronze, que na verdade não parecem ser merecedoras de tais honrarias.
Não gostaria de citar nomes, mas alguns realmente mereceriam ser lembrados. Um marechal ditador e sanguinário dá nome a uma escola local, situada no alto de um morro. Já que se desejava homenagear um militar por que não escolher, por exemplo, o general historiador, um dos maiores  do Brasil?
Há uma escola (há várias) cuja  patrona nada fez pela educação, muito menos por Caxias, seja em qualquer setor. Ela passou a vida pitando, tomando chimarrão e falando da vida alheia. Nem os trabalhos domésticos ela fazia. Ao que tudo indica, sua única obra foi ser mãe de uma coordenadora da 5ª CRE (Coordenadoria Regional de Educação) nos piores tempos da ditadura, que conseguiu dar a uma escola o nome de sua progenitora.  
Há outros exemplos. Um dos homenageados pouco merecedores de encômios é certo padre cuja estátua enfeita a cidade. O padre foi um dos mais retrógrados com que cidade já foi brindada. Perseguiu comunistas, pobres prostitutas e gays em cruzadas inolvidáveis. Fez com que as casas noturnas fossem removidas do centro da cidade. Algo digno de certo deputado federal por São Paulo, paradigma do conservadorismo e do atraso. Porém nenhuma luta tem vitórias eternas, hoje as boates retomaram seus antigos espaços – sob o olhar reprovador da estátua impotente.
Umas das ruas mais importantes de Caxias leva o nome do inventor da degola, militar gaúcho que matou tanto os pobres colonos alemães seguidores de Jacobina, como os cablocos seguidores de Antonio Conselheiro, depois de muito ter treinado sua arte na Guerra do Paraguai. Foi um dos militares mais desprezíveis da história brasileira.
Não é nenhum crime ser isento de qualidades, nem ter excesso de defeitos. Na verdade, há mais ruas do que indivíduos que mereçam ser cultuados. Daí a necessidade de vultos para batizá-las, mesmo insignificantes ou criminosos. Pergunta-se em quê um marechal que foi ditador durante os anos de chumbo, um padre sinistro ou um degolador podem servir de exemplo ao povo de uma cidade?  Como quase todos desconhecem quem são os homenageados, fica o dito pelo não dito e o feito pelo não feito!Mas quem sabe sofre!
Muitas vezes há mais escorregões nos caminhos das indicações de nomes a serem lembrados do que seria lícito suportar. Mas, como diz Nélson Rodrigues: “Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos.” Pelo jeito, também  é assim  que se fazem homenagens!





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