sábado, 14 de novembro de 2015

ARTESÃOS









Artesanato pode parecer um assunto chato e sem interesse,mas a humanidade viveu a maior parte do tempo ,dependendo dele. Assim eram tecidas as roupas, feitos os sapatos, enfim os equipamentos necessários a vida. Antigamente, havia centenas de artesãos, vivendo e trabalhando no centro da cidade, havia grande procura pelos produtos que eles produziam.Muitas das grandes empresas de Caxias nasceram  em razão de suas habilidades como artesãos. Com a Revolução Industrial do século XVIII, os artigos feitos pelas manufaturas foram paulatinamente substituídos por produtos industriais.
Quem se lembra da empresa Zambelli? Endereço obrigatório na Julio de Castilhos, quase na esquina com a rua V. Mario Pezzi. O velho Tarquínio Zambelli fazia belos santos artesanais, que depois foram substituídos pelos de gesso. Coisas do tempo. A antiga empresa de Tecelagem Gianella surgiu pela habilidade de seu proprietário, o imigrante  italiano e  tecelão  Matteo Gianella  .Durante mais de cinquenta anos a tecelagem produziu capas , cobertores ,feltro entre outros artigos .
Uma das mais conhecidas artesãs foi Gigia Bandera, funileira que trouxe seu artesanato do norte da Itália,dando origem a Metalúrgica Abramo Eberle que por mais de noventa anos foi o símbolo da riqueza  de Caxias.
Na Rua Visconde de Pelotas entre a Julio e a Pinheiro, vivia o ferreiro Pauletti, que alem de ferrar cavalos fazia belos rendilhados de ferro, usados nas velhas sacadas que adornavam as casa mais ricas da cidade. Arte milenar do Vêneto trazida pelos imigrantes. Como Pauletti a maioria dos artesãos não acumulou o capital necessário  para se tornar uma grande empresa, em geral a arte morria com o artesão. O dinheiro não nasceu do artesanato, mas do comércio.
Antigamente, na zona rural havia dezenas deles.  Em cada casa possivelmente havia um homem ou um mulher que sabia tecer, fiar, bordar, da palha fazer bolsas e  do vime  cestas.Trabalhava-se ainda em madeira , os artigos de tanoaria usados na cozinha, como baldes, gamelas e barris para armazenar  bebidas.Era uma arte muito difícil e exigia muito trabalho e técnica. Hoje os velhos barris foram substituídos por recipientes de aço inoxidável, enfim mais uma arte perdida. Durante muitos anos as crianças aprenderam com os adultos as artes manuais. Por mais de uma centena de anos elas continuaram existindo. Hoje quase desapareceram na região, mas o artesanato continua.
Existem algumas organizações que trabalham com artesanato solidário, mas pouco tem conseguido. Em 2010 teve inicio o projeto “Pontos de Cultura”, ligado ao Programa Mais Cultura do Ministério da Cultura,  que pretendia manter e estimular o artesanato. Os pontos de cultura não tiveram o êxito desejado. Parece mentira, mas até hoje o artesanato não tinha reconhecimento em lei, portanto era para legal. Só agora foi sancionada a Lei 13.180, que reconhece a existência de 10 milhões de artesãos, que movimentam mais de 50 milhões de reais. Brasil, quanto atraso,tanto a fazer!


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