Artesanato
pode parecer um assunto chato e sem interesse,mas a humanidade viveu a maior
parte do tempo ,dependendo dele. Assim eram tecidas as roupas, feitos os sapatos,
enfim os equipamentos necessários a vida. Antigamente, havia centenas de artesãos,
vivendo e trabalhando no centro da cidade, havia grande procura pelos produtos
que eles produziam.Muitas das grandes empresas de Caxias nasceram em razão de suas habilidades como artesãos. Com
a Revolução Industrial do século XVIII, os artigos feitos pelas manufaturas
foram paulatinamente substituídos por produtos industriais.
Quem
se lembra da empresa Zambelli? Endereço obrigatório na Julio de Castilhos,
quase na esquina com a rua V. Mario Pezzi. O velho Tarquínio Zambelli fazia
belos santos artesanais, que depois foram substituídos pelos de gesso. Coisas
do tempo. A antiga empresa de Tecelagem Gianella surgiu pela habilidade de seu
proprietário, o imigrante italiano e tecelão
Matteo Gianella .Durante mais de
cinquenta anos a tecelagem produziu capas , cobertores ,feltro entre outros
artigos .
Uma
das mais conhecidas artesãs foi Gigia Bandera, funileira que trouxe seu
artesanato do norte da Itália,dando origem a Metalúrgica Abramo Eberle que por
mais de noventa anos foi o símbolo da riqueza
de Caxias.
Na
Rua Visconde de Pelotas entre a Julio e a Pinheiro, vivia o ferreiro Pauletti,
que alem de ferrar cavalos fazia belos rendilhados de ferro, usados nas velhas
sacadas que adornavam as casa mais ricas da cidade. Arte milenar do Vêneto trazida
pelos imigrantes. Como Pauletti a maioria dos artesãos não acumulou o capital
necessário para se tornar uma grande empresa,
em geral a arte morria com o artesão. O dinheiro não nasceu do artesanato, mas
do comércio.
Antigamente,
na zona rural havia dezenas deles. Em
cada casa possivelmente havia um homem ou um mulher que sabia tecer, fiar, bordar,
da palha fazer bolsas e do vime cestas.Trabalhava-se ainda em madeira , os
artigos de tanoaria usados na cozinha, como baldes, gamelas e barris para
armazenar bebidas.Era uma arte muito
difícil e exigia muito trabalho e técnica. Hoje os velhos barris foram
substituídos por recipientes de aço inoxidável, enfim mais uma arte perdida. Durante
muitos anos as crianças aprenderam com os adultos as artes manuais. Por mais de
uma centena de anos elas continuaram existindo. Hoje quase desapareceram na
região, mas o artesanato continua.
Existem algumas organizações que trabalham com artesanato solidário,
mas pouco tem conseguido. Em 2010
teve inicio o projeto “Pontos de Cultura”, ligado ao Programa Mais Cultura do
Ministério da Cultura, que pretendia
manter e estimular o artesanato. Os pontos de cultura não tiveram o êxito
desejado. Parece mentira, mas até hoje o artesanato
não tinha reconhecimento em lei, portanto era para legal. Só agora foi
sancionada a Lei 13.180, que reconhece a existência de 10 milhões de artesãos, que
movimentam mais de 50 milhões de reais. Brasil, quanto atraso,tanto a fazer!
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