Nada
contra as religiões, elas têm servido para manter os rebanhos de crentes dentro
dos redis. Tem ajudado a coibir a violência, mantendo os homens dentro dos
limites da lei pelo temor divino. Afinal, nada como ela para acalmar os ímpetos
assassinos dos homens. Fazer proselitismo e cobrança de dízimos pode ser
assunto controverso, mas não ofende o Estado de direito.Muitas foram e são as
tentativas de imiscuir o sagrado no profano.A maior parte dos preconceitos ai
se origina ,pois se baseiam no pressuposto que há só uma verdade e só há um
modo de agir.Respeitar as diferenças é coisa para sábios, não para dogmáticos.
Há no Congresso Nacional um projeto de emenda constitucional
que pretende dar as Associações Religiosas poderes semelhantes aos do Estado. O
projeto dispõe sobre “a capacidade postulatória das Associações Religiosas para
propor ação de inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade
de leis ou atos normativos, perante a Constituição Federal.” O que significa
que qualquer instituição religiosa poderá se aprovada a emenda se imiscuir nos
projetos do Estado. Ou seja, dar a sua direção para o Estado.
No
Brasil, durante o Império (1822-1889) tal papel foi desempenhado pela igreja católica,
diga-se de passagem, com mais problemas do que soluções para os dois lados, o
do direito e do sagrado. Quando nas últimas eleições foram eleitas as grandes bancadas dos ruralistas e evangélicos deu para ver para que lado ia o Brasil.Não
deu outra. O sonho do padroado parece estar em vias de se tornar realidade.
A
doutrina que une a Igreja ao Estado chama-se padroado. Padroado é doutrina que
une Estado e Religião,ou seja o direito a uma crença religiosa.Foi durante o
Renascimento que o humanismo conseguiu separar as duas esferas , a Igreja do Estado,
a leis dos homens das dos deuses, que durante séculos engessou a humanidade. O
Estado como instituição laica não pode e não deve ser barrado por dogmas e preconceitos,
a pretexto de sua sacralidade. Basta ver o que tem acontecido com os grupos
regidos pelos dogmas, O Projeto que está
sendo discutido é digno do Estado
Islâmico,ou seja a formação de uma teocracia . Os últimos acontecimentos da França
atestam sobre os perigos do pensamento
teocrático.
No Brasil, as associações religiosas já são suficientemente
poderosas, pois, estão protegidas por
várias sinecuras, algumas discutíveis. Como a isenção de impostos, prática que garante
a algumas igrejas poder igual aos dos bancos,que estão sempre
acima das crises e dos problemas
econômicos que assolam as demais empresas. Querer liberdade de culto é uma coisa, mandar no Estado é outra
,bem diferente..
Já
dizia o filósofo Friedrich Nietzsche “As convicções são
inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras.” Quem deve reger o
Estado é a moralidade não o dogma! Como dizia o mesmo filósofo “A moralidade é
a melhor de todas as regras para orientar a humanidade”. Não são necessárias outras!
Nenhum comentário:
Postar um comentário