quinta-feira, 24 de janeiro de 2013


A FESTA DO PARAFUSO

Na sesta feira passada, dia 18 de janeiro, o governador Tarso Genro lançou a pedra fundamental da Nova Aliança em Flores da Cunha. A nova Cooperativa reunirá 900 famílias de agricultores, dela fazem parte as cooperativas São Vitor e Aliança (de Caxias do Sul) Santo Antonio e São Pedro (de Flores da Cunha)
.Deve ser motivo de regozijo para o município vizinho receber uma obra de 83,4 milhões, vindos em parte do Banrisul e em parte do Banco de Desenvolvimento do Extremo Sul, tendo recebido o apoio do ministro Pepe Vargas, A noticia não mereceu destaque da mídia. Parece que o assunto não tem importância. Ao contrário ele está diretamente ligado ao patrimônio histórico de local.
            Patrimônio é uma palavra polissêmica, mas que pode ser considerada  como um conjunto de bens de uma coletividade, como no caso de patrimônio cultural.Não há como negar que as empresas  vinícolas em geral e as cooperativas em particular representam o que há de mais característico da cultura regional, baseada na cultura da videira ,na pequena propriedade e no  trabalho familiar .
Fazendo um pequeno balanço do que Caxias perdeu nos últimos 50 anos em de indústrias vinícolas lembro-me de algumas: Luiz Antunes ,Luiz Michelon. Indústria de Vinhos Ronca,Sociedade Vinícola Riograndense Sociedade Brasileira de Vinhos,  Eduardo Mosele   e as cooperativas Santo Antonio, Caxiense e agora as de  São Vitor e a Aliança.Pode notar que sobraram poucas ,uma outra industria familiar .A Cooperativa VV Forqueta é a mais antiga e a última das sobreviventes da era das cooperativas,iniciada em 1929. A continuar assim em vinte anos não haverá mais empresas vinícolas em Caxias. Tanto a São Vitor como a Aliança tem os mais belos conjuntos de todas as indústrias vinícolas regionais.Por certo, logo se tornarão centros culturais como o da  Antunes,que de cultura só tem o nome.
O poder público municipal tem feito um desserviço a agricultura familiar,com a permissão da fragmentação das pequenas propriedades em chácaras improdutivas e ,mias do que isso não auxiliando a permanência das industrias vinícolas em seus antigos e tradicionais lugares.A prefeitura de Flores da Cunha ,cujo território é menos de 1/3 do de Caxias, cedeu para a Nova Aliança oito hectares de terra.Teria custado muito para a de Caxias fizesse o mesmo?
Tenho dito e repetido que o colono é o tratado como um cidadão de segunda categoria, cujos direito são esquecidos. Sem segurança ,sem cuidados médicos , e sem escolas .Não é por nada que o abandono dos campos segue acelerado,enquanto a cidade avança sobre eles com seu círculo de arrabaldes de excluídos..Continuando assim em pouco tempo poderá ser abandonada a Festa da Uva por absoluta falta de uva e de agricultores., Sugiro que seja feita em seu lugar a Festa do Parafuso.
Loraine Slomp Giron – Historiadora
Twitter: @loslomp

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