A
FESTA DO PARAFUSO
Na
sesta feira passada, dia 18 de janeiro, o governador Tarso Genro lançou a pedra
fundamental da Nova Aliança em Flores da Cunha. A nova Cooperativa reunirá 900
famílias de agricultores, dela fazem parte as cooperativas São Vitor e Aliança
(de Caxias do Sul) Santo Antonio e São Pedro (de Flores da Cunha)
.Deve
ser motivo de regozijo para o município vizinho receber uma obra de 83,4 milhões,
vindos em parte do Banrisul e em parte do Banco de Desenvolvimento do Extremo
Sul, tendo recebido o apoio do ministro Pepe Vargas, A noticia não mereceu
destaque da mídia. Parece que o assunto não tem importância. Ao contrário ele está
diretamente ligado ao patrimônio histórico de local.
Patrimônio é uma palavra polissêmica,
mas que pode ser considerada como um conjunto de bens de uma coletividade, como no caso de patrimônio cultural.Não há como negar que as empresas vinícolas em geral e as cooperativas em
particular representam o que há de mais característico da cultura regional,
baseada na cultura da videira ,na pequena propriedade e no trabalho familiar .
Fazendo um pequeno balanço do que Caxias perdeu
nos últimos 50 anos em de indústrias vinícolas lembro-me de algumas: Luiz
Antunes ,Luiz Michelon. Indústria de Vinhos Ronca,Sociedade Vinícola
Riograndense Sociedade Brasileira de Vinhos,
Eduardo Mosele e as cooperativas
Santo Antonio, Caxiense e agora as de São Vitor e a Aliança.Pode notar que sobraram
poucas ,uma outra industria familiar .A Cooperativa VV Forqueta é a mais antiga
e a última das sobreviventes da era das cooperativas,iniciada em 1929. A
continuar assim em vinte anos não haverá mais empresas vinícolas em Caxias.
Tanto a São Vitor como a Aliança tem os mais belos conjuntos de todas as
indústrias vinícolas regionais.Por certo, logo se tornarão centros culturais
como o da Antunes,que de cultura só tem
o nome.
O poder público municipal tem feito um desserviço
a agricultura familiar,com a permissão da fragmentação das pequenas
propriedades em chácaras improdutivas e ,mias do que isso não auxiliando a
permanência das industrias vinícolas em seus antigos e tradicionais lugares.A
prefeitura de Flores da Cunha ,cujo território é menos de 1/3 do de Caxias,
cedeu para a Nova Aliança oito hectares de terra.Teria custado muito para a de
Caxias fizesse o mesmo?
Tenho dito e repetido que o colono é o tratado
como um cidadão de segunda categoria, cujos direito são esquecidos. Sem
segurança ,sem cuidados médicos , e sem escolas .Não é por nada que o abandono
dos campos segue acelerado,enquanto a cidade avança sobre eles com seu círculo
de arrabaldes de excluídos..Continuando assim em pouco tempo poderá ser
abandonada a Festa da Uva por absoluta falta de uva e de agricultores., Sugiro
que seja feita em seu lugar a Festa do Parafuso.
Loraine Slomp
Giron – Historiadora
Twitter: @loslomp
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