UMA
CAXIAS COSMOPOLITA
No
inicio da década de cinquenta, Caxias mudou de cara. O fim da Segunda Guerra(
1939-1945) repercutiu profundamente na
então pequena cidade. Novos moradores começaram a chegar: judeus, italianos,
austríacos e alemães. Eram antigos partisans,
fascistas e até nazistas.
De onde vieram e como chegaram os novos caxienses? Havia
várias organizações encarregadas de seu transporte. Creio que não é
desconhecido que a principal era a Igreja Católica. A Igreja na Itália intermediou
a salvação de judeus.Depois da Guerra
ajudou a salvar os fascistas .A grande maioria dos que vieram para cá ocupavam
cargos na administração fascista ,eram técnicos de alto nível enólogos,
engenheiros ,arquitetos entre outros. Depois de uma temporada na África ( Egito
,Tunísia e etc.) a antiga região
colonial italiana era o porto seguro.
Antes
da Guerra haviam vindo muitos imigrantes tutelados alguns dos quais
constituíram família e não mais voltaram para a Itália, os novos imigrantes
encontraram trabalho e amigos sem muita
dificuldade, pois eram mão de obra
especializada.
Outra
organização que ajudou no emprego de judeus foi a Gethal. Inúmeros judeus
vieram para e alguns se radicaram na região. O trabalho social da empresa sueca
de compensados merece elogios.
Um
dos mais interessantes recém-chegados foi Kurt S. Era judeu natural de Graz (Áustria)
sendo um músico muito bom. Dava gosto vê-lo ao piano desfiando o repertório completo.
Tocava populares e clássicos com a mesma desenvoltura. Eram tempos de Glenn
Miller se sua orquestra, o tempo das grandes bandas. Não sei como apareceu lá
em casa em nosso piano, e tudo mudou. Novos ritmos foram incorporados a nossa
vida diária.
Mas
não era apenas a música que ele conhecia, sabia dos últimos lançamentos de livros
recomendava leituras e aos poucos as nossas leituras começaram a acompanhar a
música. Eram novos tempos com certeza.
Segundo
me contou ele havia sobrevivido a um massacre. Quando estudante fora alvejado
pelos nazistas num rio da sua cidade, ferido sobreviveu e veio para o Brasil,
por meio da Gethal. A história de Kurt daria um romance.
Os
novos imigrantes formaram razoável comunidade, pessoas cultas que trouxeram
novos hábitos e costumes para a acanhada Caxias, independente de suas posições políticas.
Muitos mantiveram suas antigas posições, um deles tinha até um altar secreto em
sua casa para cultuar Mussolini. (assunto para outra crônica.)
Loraine Slomp
Giron Historiadora
Twitter: @loslomp
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