sábado, 19 de dezembro de 2015

POLÍTICA DE OUTRORA











Caxias de outrora era bem mais divertida do que a de hoje. Talvez, por ser cidade menor era mais dada a gozações e brincadeiras. Bento Gonçalves era alvo de milhares de piadas renovadas toda semana. Hoje parece que tudo ficou serio demais e antipático demais. Naqueles tempos não  se falava em impeachement, nem se tentava culpar um só partido pelos desmandos, que sempre caracterizaram a política brasileira.
Eram tempos tão extraordinários que até os vereadores trabalhavam de graça. Honrados que eram por servir sua terra.  O máximo que havia era uma ajuda de custo para o vereador que morasse  em São Marcos , em Nova Vicenza o e em Nova Trento.Caxias era menor em população ,mas a sua área era maior.   Ainda assim ninguém acreditava nos políticos.  Em nenhum, era uma descrença geral. È difícil precisar quando começou este negócio de acreditar em alguns políticos e não em outros. Talvez seja fruto da  propaganda.Sabe-se lá !
 Brincava-se  até com coisas sérias ,assim se dizia :”político bom é político morto”, definitivamente, não se acreditava neles..Todos estavam convencidos que o Brasil não tinha conserto. Naqueles tempos se ouvia quando Antonio Ermírio de Moraes  afirmava que a “A política é a arte de pedir votos aos pobres ,auxilio financeiro aos ricos, e mentir a para ambos.”Bela frase.
Naqueles tempos se falava dos prefeitos como quem fala da vizinha que namora o seu marido.  Sem qualquer respeito. Conta-se que um  dia houve  grande festa  em São Pelegrino ,para a inauguração de um bebedouro para cavalos .Então,  as inaugurações das parcas obras públicas mereciam festa com banda e tudo. O mais incrível é que   a população que não acreditava em politocos, adorava participar das inaugurações .Basta olhar as fotos de Caxias antiga e verificar.O Intendente  e seu séquito para lá se dirigiram , a Intendência ficava na Visconde Pelotas aonde é o hoje o Museu Municipal.Tudo era longe nos lombos do cavalo ou a pé. O intendente  Miguel Muratore era de uma burrice enciclopédica.Quando tomou a palavra esperava-se uma pérola . Dito e feito! Disse ele: ”Declaro inaugurado o bebedouro para burros.” Em seguida pegando numa canequinha tomou  a  água  do bebedouro de um golpe só. Feita a inauguração com tal  chave de ouro,  a população alegre voltou para casa.O incidente tornou-se parte do folclore nativo. Era tempo alegre, de rir dos políticos.
Hoje se sofre por   políticos como se eles merecessem piedade! Como se a política brasileira algum dia tivesse sido séria. Como se a corrupção tivesse nascido hoje. Tolice, ela é tão antiga quanto o Brasil! Vale a pena escutar Luis Fernando Veríssimo quando diz “ Brasil: esse estranho país de corruptos sem corruptores.” Os brasileiros tem  os políticos que merecem,nem melhores nem piores do que eles.A  política é feita a imagem e semelhança dos eleitores que elegeram seus representantes . Como responsáveis pela bagunça, se puderem riam!




sábado, 12 de dezembro de 2015

VICE VICIOUS


        








    Uma das figuras mais apagadas da política brasileira é o vice, seja de presidente,  de governador ou  de prefeito.O papel do vice é apenas o de substituir o titular, ou seja é o reserva do poder executivo.Não tem votos próprios é eleito em um chapa única encabeçada pelo titular.  O vice fica torcendo para que o titular caia  e ele possa ser seu substituto. Seja por doença ou  por inabilidade política.  Ou seja,  o vice  deve rezar para que o titular erre ou morra Que tipo de  parceiro político é este?
Os reservas em geral são do mal, ficam fazendo força para derrubar o titular. Alguns vices foram e são extremamente viciados, conspiram como o respiram, sem parar!  O Brasil já teve os mais estranhos tipos de vice-presidente. Alguns bons como Itamar,outros deletérios como Sarney.Outros entraram calado e saíram mudos.Tente  citar alguns vice-governadores ,para ver o que lhe vem a  memória .Cite os últimos vice-presidentes e vera  que deles não se lembra..
Ao repassar a maravilhosa história dos vices brasileiros ,não  é  possível esquecer o apagadissimo Café Filho .Que durante  governo Vargas (1950-54) ficou boicotando o titular ,fazendo conchavos com os militares que então não gostavam da Petrobrás e de outras empresas estatais ,das quais Getulio foi o pai.
Um vice que deu o que falar foi o de Janio Quadros, quem não se lembra de Jango Goulart? Foi um dos  mais extraordinários vices , teve de se submeter ao parlamentarismo ,aos governichos as suas costas e a uma campanha acerba da imprensa quanto suas pretensões de reformas  sociais.Sendo o maior pecuarista do Brasil foi taxado de  comunista.Sua reforma agrária não prestava e não prestava seu senso de justiça para com o desassistidos. As ‘forças ocultas’ não sossegaram até que o retiraram  do poder. Igualzinho o que está fazendo hoje o vice Michel ,ligado   com a mais obscura  direita .Não estaria na hora de fazer  Política com letra maiúsculas  em lugar de  politicagem? Não seria a hora da união nacional para o  Brasil voltar a crescer.?
Se cada vez que o Brasil tiver um presidente inepto ou inábil for realizado um golpe, para que servem as  eleições?  Como ensaios para golpes?Já houve tantos, contra Getulio, contra Janio, contra Juscelino, contra Collor e agora contra Dilma .Para que outro golpe? Serve apenas aos viciosos políticos  brasileiros ,  que como os senadores romanos só vivem  para  tramar a morte de Cesar .Imaginem uma Cesar mulher, só matando !Parece  que muitos políticos não conhecem soluções apenas sabem criar novos problemas. A melhor proposta  é a de Aldous Huxley no Admirável Mundo Novo : “Os súditos do ditador do futuro serão governados sem sofrimentos por um corpo de engenheiros sociais altamente instruídos.”. Viva a  a nova tecnologia do poder, sem ideologia, antisséptico e eficiente!





sábado, 5 de dezembro de 2015

AUTOCRATAS












O português é uma língua extraordinária. Há palavras para tudo, para cada nova tecnologia cria-se um novo verbo e um novo substantivo. Hoje as palavras incorporadas do inglês  como mouse e deletar,geradas pela adoção do PC que se tornaram de uso comum.Como outrora foram incorporadas do frances, as palavras chofer e garçom para   aqueles que dirigem automóveis  e os que servem em restaurantes.Uma língua prolixa e direta .Como o inglês é sintético e indireto.
Palavras de origem latina são sonoras e de duplo ou triplo sentido. Há palavra mais bela e sonora que autocrata? Há palavra com sentido mais definido?   Veja o dicionário, significa: Título oficial dos antigos czares da Rússia;” ou ainda que ou quem exerce seu poder sem partilhá-lo com outros, impondo-o de forma arbitrária e tiranicamente”.Por fim  “ Aquele ou aquela cujo poder não depende de nenhum outro”. Uma belíssima palavra para um péssimo modo de ser .
Não houve no mundo poder maior do que os dos czares russos. Faziam e desfaziam, mandavam e desmandavam a seu bel prazer.Mandavam matar pessoas ,atiravam contra o povo ,não ouviam a opinião de ninguém. Lembram o que aconteceu com Nicolau II, o último monarca absoluto da terra, que não obedecia nem leis nem normas? Foi assassinado junto com toda sua família e o que é pior, poucos se importaram com seu fim.
Mas não foram apenas os czares  russos ,houve outros autocratas tão medonhos como Nicolau .A Alemanha não teve apenas a doce Ângela Merkel ,teve também o intolerável e intolerante  Hitler .A Itália não teve apenas a monarquia absoluta dos papas ( a única que ainda existe) teve também Mussolini. No Brasil há os inesquecíveis Geisel e Medici .Todos autocratas ( eleitos ou não) viveram e morreram de forma pouco digna,sem deixar saudades. O mundo sempre  esteve  e está cheio de autocratas,que pensam que são os donos do mundo.Eles  enchem o mundo com seu poder autoconsentido .Eles pensam que são eternos  como   seu poder.Falácias,eles também morrem !
Copiando Bukowski” A diferença entre um democrata e um autocrata ,  consiste em que na democracia se pode votar antes de receber as ordens”. Infelizmente só se conhece o autocrata depois das eleições. Depois da eleição pode-se não só ordens, mas ainda tomar decisões unilaterais e pessoais que desagradem a muitos. A democracia pode levar  ao poder,autocratas da estirpe   dos czares, que tem  enorme desprezo pelo outro,pelo subalterno e pelo  que pensa de forma diferente da sua . Imitando Quintana  pode-se afirmar que “ Autocrata é um tirano por conta própria.” Será que você já elegeu um autocrata?Eu já, e quantos!
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sábado, 28 de novembro de 2015

TRABALHO NO DNA















Faz alguns anos uma pelotense veio trabalhar aqui, ela me falou do estranhamento que sentiu em Caxias. Segundo ela as pessoas só pensavam em trabalhar. Não entendeu nada do que aqui acontecia. Quem não é  de origem imigrante e colona ,realmente não pode entender os caxienses .Como diz José Angeli :”Os caxienses tem o  trabalho no DNA”.Nada mais correto,pois agora tudo se trata de DNA,doenças ,identidade, características entre outras coisas.Antes era  a vontade de Deus que tudo guiava , agora é à força do  a DNA, que determina o homem.
Pode ser ou não decorrência do DNA,mas  o caxiense traz no sangue e no nome uma herança genética complexa. Os leitores sabem que os sobrenomes dos pobres datam do fim da Idade Média. Os nobres e os muito ricos ganharam seus sobrenomes pelos feitos e pelos fatos. Alguns levavam o nome de suas terras outros das batalhas ganhas, ou dos deuses de quem se diziam herdeiros.  
Os germânicos quando foi necessário dar um segundo nome às pessoas do povo, preferiram designar o individuo pela sua filiação. Assim surgiram os Peterson,Robinson entre milhares de outros. Lembrando que o sufixo son significa filho ,assim o filho de John tornava-se Johnson.
De forma geral entre os latinos  usou-se como sobrenome o  lugar de origem(Schio ,Cadore) ou nome do santo da capela(Tomasini )  e  preferentemente  o da profissão.  Como na colônia não havia Medicci, nem Borgia,nem Gonzaga  os nomes que marcam a região são os do povo,ou seja o nome dos mais desafortunados dos italianos.
 O italiano é único povo cujos sobrenomes trazem a profissão como marca primeira. Até  o modo italiano   designar  os sobrenomes pelos antepassados ganhou outra grife , o filho de Antônio  podia chamar-se pelo diminutivo,Tonin ,ou pelo  aumentativo, Tonon por exemplo. Havia também os sem pais e os sem lugar de origem estes ganhavam o sobrenome do lugar onde foram achados Tiburi ou Casagrande , seja o nome de uma   ponte ou de um  orfanato.Para verificar tal verdade basta verificar a origem dos sobrenomes italianos da colônia Caxias ,cito alguns : os Dal Acqua  aguadeiros, os Slomp mineiros,os Schiavo escravos ,os Dal Molin  moleiros ,os Barcarollo  barqueiros ,os Zattera  construtores de barcos e assim por diante.Hoje os que trazem estes nomes podem sentir orgulho deles ,mas outrora significava que eram trabalhadores braçais , pessoas sem nobreza ou riqueza.  Nomes de pobres!
Os tempos mudam com toda certeza.. Antes quem trabalhava era considerado inferior, ao contrario do senhor que não trabalhava.Antes, o trabalho  era opróbrio,  agora com ao advento do capitalismo ganhou  valor ,tornou-se  forma de gerar riquezas.Não há dúvida alguma não é apenas o tempo que muda , mudam também os valores, o modo de entender o mundo e até o mundo muda .Só trabalho não muda! O trabalho não enobrece, cansa!


sábado, 21 de novembro de 2015

SAUDADES DO PADROADO




  • INQUISIÇÃO DA IGREJA CATOLICA NA IDADE MÉDIA




Nada contra as religiões, elas têm servido para manter os rebanhos de crentes dentro dos redis. Tem ajudado a coibir a violência, mantendo os homens dentro dos limites da lei pelo temor divino. Afinal, nada como ela para acalmar os ímpetos assassinos dos homens. Fazer proselitismo e cobrança de dízimos pode ser assunto controverso, mas não ofende o Estado de direito.Muitas foram e são as tentativas de imiscuir o sagrado no profano.A maior parte dos preconceitos ai se origina ,pois se baseiam no pressuposto que há só uma verdade e só há um modo de agir.Respeitar as diferenças é coisa para sábios, não para dogmáticos.
 Há no Congresso Nacional um projeto de emenda constitucional que pretende dar as Associações Religiosas poderes semelhantes aos do Estado. O projeto dispõe sobre “a capacidade postulatória das Associações Religiosas para propor ação de inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade de leis ou atos normativos, perante a Constituição Federal.” O que significa que qualquer instituição religiosa poderá se aprovada a emenda se imiscuir nos projetos do Estado. Ou seja, dar a sua direção para o Estado.
No Brasil, durante o Império (1822-1889) tal papel foi desempenhado pela igreja católica, diga-se de passagem, com mais problemas do que soluções para os dois lados, o do direito e do sagrado. Quando nas últimas eleições  foram eleitas as  grandes bancadas dos  ruralistas e evangélicos  deu para ver para que lado ia o Brasil.Não deu outra. O sonho do padroado parece estar em vias de se tornar realidade.
A doutrina que une a Igreja ao Estado chama-se padroado. Padroado é doutrina que une Estado e Religião,ou seja o direito a uma crença religiosa.Foi durante o Renascimento que o humanismo conseguiu separar as duas esferas , a Igreja do Estado, a leis dos homens das dos deuses, que durante séculos engessou a humanidade. O Estado como instituição laica não pode e não deve ser barrado por dogmas e preconceitos, a pretexto de sua sacralidade. Basta ver o que tem acontecido com os grupos regidos pelos dogmas, O Projeto  que está sendo discutido é digno do  Estado Islâmico,ou seja a formação de uma teocracia . Os últimos acontecimentos da França atestam sobre  os perigos do pensamento teocrático.
 No Brasil, as associações religiosas já são suficientemente poderosas, pois,  estão protegidas por várias sinecuras, algumas discutíveis. Como a isenção de impostos, prática que garante a algumas igrejas poder igual aos  dos  bancos,que  estão  sempre  acima das crises e dos  problemas econômicos que assolam as demais empresas. Querer  liberdade de  culto é uma coisa, mandar no Estado é outra ,bem diferente..
Já dizia o filósofo Friedrich Nietzsche “As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras.” Quem deve reger o Estado é a moralidade não o dogma! Como dizia o mesmo filósofo “A moralidade é a melhor de todas as regras para orientar a humanidade”. Não são necessárias outras!


sábado, 14 de novembro de 2015

ARTESÃOS









Artesanato pode parecer um assunto chato e sem interesse,mas a humanidade viveu a maior parte do tempo ,dependendo dele. Assim eram tecidas as roupas, feitos os sapatos, enfim os equipamentos necessários a vida. Antigamente, havia centenas de artesãos, vivendo e trabalhando no centro da cidade, havia grande procura pelos produtos que eles produziam.Muitas das grandes empresas de Caxias nasceram  em razão de suas habilidades como artesãos. Com a Revolução Industrial do século XVIII, os artigos feitos pelas manufaturas foram paulatinamente substituídos por produtos industriais.
Quem se lembra da empresa Zambelli? Endereço obrigatório na Julio de Castilhos, quase na esquina com a rua V. Mario Pezzi. O velho Tarquínio Zambelli fazia belos santos artesanais, que depois foram substituídos pelos de gesso. Coisas do tempo. A antiga empresa de Tecelagem Gianella surgiu pela habilidade de seu proprietário, o imigrante  italiano e  tecelão  Matteo Gianella  .Durante mais de cinquenta anos a tecelagem produziu capas , cobertores ,feltro entre outros artigos .
Uma das mais conhecidas artesãs foi Gigia Bandera, funileira que trouxe seu artesanato do norte da Itália,dando origem a Metalúrgica Abramo Eberle que por mais de noventa anos foi o símbolo da riqueza  de Caxias.
Na Rua Visconde de Pelotas entre a Julio e a Pinheiro, vivia o ferreiro Pauletti, que alem de ferrar cavalos fazia belos rendilhados de ferro, usados nas velhas sacadas que adornavam as casa mais ricas da cidade. Arte milenar do Vêneto trazida pelos imigrantes. Como Pauletti a maioria dos artesãos não acumulou o capital necessário  para se tornar uma grande empresa, em geral a arte morria com o artesão. O dinheiro não nasceu do artesanato, mas do comércio.
Antigamente, na zona rural havia dezenas deles.  Em cada casa possivelmente havia um homem ou um mulher que sabia tecer, fiar, bordar, da palha fazer bolsas e  do vime  cestas.Trabalhava-se ainda em madeira , os artigos de tanoaria usados na cozinha, como baldes, gamelas e barris para armazenar  bebidas.Era uma arte muito difícil e exigia muito trabalho e técnica. Hoje os velhos barris foram substituídos por recipientes de aço inoxidável, enfim mais uma arte perdida. Durante muitos anos as crianças aprenderam com os adultos as artes manuais. Por mais de uma centena de anos elas continuaram existindo. Hoje quase desapareceram na região, mas o artesanato continua.
Existem algumas organizações que trabalham com artesanato solidário, mas pouco tem conseguido. Em 2010 teve inicio o projeto “Pontos de Cultura”, ligado ao Programa Mais Cultura do Ministério da Cultura,  que pretendia manter e estimular o artesanato. Os pontos de cultura não tiveram o êxito desejado. Parece mentira, mas até hoje o artesanato não tinha reconhecimento em lei, portanto era para legal. Só agora foi sancionada a Lei 13.180, que reconhece a existência de 10 milhões de artesãos, que movimentam mais de 50 milhões de reais. Brasil, quanto atraso,tanto a fazer!


sábado, 7 de novembro de 2015

DISCURSO DO REI


           


  • ... Falando...: O mito do ateísmo de Fernando Henrique Cardoso
    Velho Monarca 


Há dois livros aos quais grande parte dos sociólogos brasileiros deve muito de sua formação: As metamorfoses do escravo de Octavio Ianni e Capitalismo e escravidão no Brasil Meridional de Fernando Henrique Cardoso. Um trata da escravidão como negação da negritude e o outro das condições dos escravos nas charqueadas sulinas. São obras fundamentais, assistentes de Florestan Fernandes, revisitaram o instituto da escravidão brasileira, negando o mito da democracia gaucha ,afirmando sua barbárie.
FHC tem inúmeras obras. No livro O modelo político brasileiro dá uma explicação clara e racional sobre os propósitos do Golpe de 64. Outra obra sua Dependência e Desenvolvimento na América Latina escrita com Enzo Faletto trata do subdesenvolvimento alinhando-se com o estruturalismo econômico da CEPAL A sociologia brasileira e o Brasil devem ao ex Presidente a salvação da economia nacional, da inflação galopante da década de oitenta, por meio do Plano Real, no governo e Itamar Franco. Nome sugestivo que remete ao caráter majestático do seu realizador.
O assunto da atualidade é a publicação do seu diário, onde detalha os dois primeiros anos da seu governo (1995-1996). O novo livro é de uma chatice inesgotável. Não há nele nem um único pensamento transcendental. O diário faz algumas revelações, em especial sobre o poder do PMDB no seu governo (como nos de outros presidentes) e de Michel Temer, atual vice-presidente. Trata do cotidiano de um monarca republicano sofrendo pressões de toda a ordem e que pretende dar a palavra final sobre miúdos fatos políticos. São palavras dele “Começo a sentir o travo amargo do poder, no seu aspecto mais podre de toma lá dá cá: se eu não der algum ministério (...) ou então”, “O mal está no grupo que me cerca”. Dá para sentir o clima de inveja que compõe o governo  e seu  espírito superior  ao falar sobre os ignorantes correligionários políticos.É  lastimável que o politiqueiro tenha substituído  o grande sociólogo,pelo jeito já de muito falecido. Para completar algumas pitadas do humor do ex-presidente. Para verificar como ele considera os professores: Se a pessoa não consegue produzir, coitada, vai ser professor. Então é aquela angústia para saber se o pesquisador vai ter um nome na praça ou se vai dar aula a vida inteira e repetir o que os outros fazem. ” E mais esta "   Nossas diferenças com o PT são muito mais em relação à disputa de poder do que sobre ideologia.  Maravilha!  Muitas pessoas até já esqueceram que ele foi presidente, e que foi ameaçado de impeachment por causa das suas dúbias  privatizações.
 FHC ao falar em seu Diário sobre a imprensa paulista que então  o atacava é enfático   “é a nostalgia do impeachment, como se houvesse uma imprensa capaz de derrubar pessoas”. Agora parece que ele passou a acreditar que ela pode sim!  Não tem insistido para a Presidente renunciar, por meio da  imprensa?





sábado, 31 de outubro de 2015

DA PERVERSÃO



 A inesquecível Simone de Beauvoir


O tema da redação do Enem 2015 "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira” partiu da frase lapidar de Simone de  Beauvoir “Não se nasce mulher,  se torna  mulher.”Frase de efeito ,mas  não real ,  já que os sexos são geneticamente determinados.O tema mereceu violenta reação dos lideres da extrema direita brasileira.   Os deputados Bolsonaro (PP-RJ) e  Feliciano (PSC-SP) usaram a internet para acusar o exame de fazer doutrinação. A palavra proselitismo seria mais apropriada para o pecado do qual  acusam o Enem e o governo . Proselitismo vem latim eclesiástico, significa empenho de converter, ou seja o exame deseja o fim da violência contra a mulher . O que para alguns parece ser uma perversão. A violência contra a mulher tem sido  uma constante no Brasil. A violenta reação ao tema é  prova maior  que o machismo corre solto nas  plagas brasileiras.  
Basta conhecer um pouco de história para saber que a violência contra a mulher é construção histórica. Entre os índios do Brasil ela não existia, havia a divisão do trabalho entre os sexos. Entre os gregos ela é clara,aparece  sob a forma de discriminação.  Durante a Idade Media milhares de mulheres foram queimadas vivas, acusadas de feitiçaria. Até o século XVII a Santa Inquisição queimava mulheres por bruxaria, na civilizadíssima Europa. Até  nos Estados Unidos - lar  da democracia - em 1692, foram enforcadas 19 mulheres a pretexto de serem bruxas.Sob a égide de um falso cristianismo. Não se precisa ir tão longe, no Brasil até 1934 a mulher era proibida de votar. Até 1961 eram consideradas incapazes  como menores e índios
.Toda discriminação é uma forma de violência. Para coibir a violência domestica foi necessário criar uma lei:a  Maria da Penha.Nem assim acabou a violência contra as mulheres. Já se perguntaram por que não existe uma lei Mario da Penha. Não existe por que não existe a infração, raríssima é a agressão contra os homens no lar É preciso dizer mais?
Um passeio pelos blogs (machistas) na Internet pode ser muito elucidativo. Dizem eles, entre outras coisas muito indizíveis: “Mulher e carro, quanto menos rodados, melhor”. “Algumas mulheres são igual caneta: quando não estão perdidas, estão comidas.” São frases deveras comoventes, que revelam de forma clara que a mulher é para eles é um objeto entre outros, como canetas e carros. Os machistas são os legítimos filhos de alguma mãe!
 Até a crise brasileira parece estar relacionada com o fato de o Brasil ser governado por uma mulher. Fernando Henrique Cardoso, o grande sociólogo declarou há poucos dias: ”a crise no Brasil também haveria com Aécio, mas com esperança”. Já com Dilma é sem esperança? Por que é mulher?  Mesmo sábio, ele se revela um rematado machista.  Salve o instituto perverso do machismo!



sábado, 24 de outubro de 2015

DAS RAIZES





  • G1 - Feira do livro será aberta nesta sexta-feira em Caxias do Sul ...



A Feira do Livro deste ano ocorreu no ano em que é comemorado o aniversário de 140 anos da imigração italiana para o Rio Grande do Sul. Mas nada do evento foi remeteu ao tema. Ela poderia ter homenageado os muito e bons escritores antigos da cidade. A literatura de Caxias é quase tão antiga quanto sua história, em quase século e meio de história há muito que lembrar. Para os esquecidos da história  da literatura local ,ou para  aqueles que a ignoram basta relembrar alguns deles.
O primeiro que merece ser lembrado é Carlin Fabris (1889-1975) com a obra Historia da Conceição, descoberto e publicado por Luis Alberto de Boni e Rovílio Costa. Ele foi o primeiro a contar a história dos imigrantes italianos  em dialeto vêneto .Uma preciosidade,já mereceu estudos universitários. Natal Chiarello (1913-1945) foi quem escreveu sobre Caxias pela primeira vez. Sua pesquisa Nossa História deveria ser republicado para marcar a efeméride. Publicado por Mario Gardelin ,num caderno da  Educs ,teve pouca circulação, mereceria  ser republicado.  Outro a ser lembrado é o cultíssimo   Zulmiro Lino Lermen que escreveu muitas obras ,entre  as quais A Missa Negra (1948).Ela  fez história na cidade, trata da possessão demoníaca de uma jovem, na colônia.  A sua publicação revoltou  o retrogrado  clero  da Catedral,  por sua ordem  o livro foi queimado em praça publica. Um verdadeiro escândalo!
Pesos e medidas (1981) de Ítalo João Balem livro bilíngue é  fruto  do   talento e da erudição. A obra poética  corresponde a uma   divina comedia caxiense. Nele se encontra  o espírito da cidade resumido .Para Caxias os autores citados são  bem mais importante que o  autor que foi  homenageado com um banca  na Feira do Livro .Os muitos  não citados   não o foram por esquecimento,mas por falta de espaço.
Para conhecer os escritores caxienses há muitas fontes. Uma delas é a pesquisa,  do artista  Juventino Dal Bó, sobre os poetas da cidade. Os cartazes devem estar na Biblioteca Publica Municipal. Outra fonte para o assunto é o historiador João Spadari Adami em sua História de Caxias do Sul. Por fim a Academia Caxiense de Letras pode oferecer outros bons exemplos de escritores caxienses esquecidos.
A Feira do Livro deste ano foi muito boa, o que é principal com muitos e bons livros e sua organização espacial. Parece que faltou público. Infelizmente seus organizadores esqueceram o passado, buscaram fora de casa àquilo que nela poderia ser encontrado. O maior e melhor dos prefeitos que a cidade já teve dizia com propriedade: “Caxias costuma de enterrar seus talentos”. Mais do que isto Caxias procura esquecer seu passado e suas raízes. Elas estão profundamente vinculadas à imigração italiana e ao cultivo da terra. Como dizia A. Huxley “Talvez a maior lição da história seja que ninguém aprendeu as lições da história.” Uma lástima!






















domingo, 18 de outubro de 2015

FORA CULTURA













A Praça Dante Alighieri é o centro geográfico do município de Caxias do Sul. Nela se encontram as coordenadas  que marcam o ponto zero do  território do município.Na Praça aconteceram muitos fatos ,muitas festas .Centenas de comícios  e  embates democráticos também tem se travado nela.A Praça é o  coração  da cidade.
 O que já aconteceu na Praça?Um pouco de tudo. A festa pela elevação da vila de Caxias a cidade em 1910. As inaugurações das estatuas de Dante Alighieri e de Julio de Castilhos, em 1914, e a do Monumento à Liberdade, em 1922 comemorando o centenário da Independência do Brasil. A troca do nome de Dante pelo de Ruy Barbosa em 1943, num rompante nacionalista durante a Segunda Guerra. Os quebra- quebras contra Prestes e contra Collor. As festas pelas vitórias dos times locais e regionais. O comício pelas Diretas.  Na Praça aconteceram 31 feiras do livro, dezenas de paradas do Sete de Setembro, dezenas de corsos carnavalescos e da Festa da Uva.  Praça que foi muitas vezes revitalizada ganhando a cara do tempo em que foi reformulada. Em 1928 recebeu um traçado sagrado da Maçonaria, ato de coragem já que a Praça tem a Catedral em seu lado Norte. O traçado sagrado foi mantido nas revitalizações que se seguiram.  O olho de Deus é o chafariz, trabalho em pedra perfeito.
Hoje se fala em tirar da Praça os eventos culturais da cidade já  que são poucos. Já se mandou embora o desfile do carnaval, exilado para o Plácido de Castro. Agora será a vez do corso da Festa da Uva . Até a  Feira do livro  se falou em manda-la para o ostracismo da Estação Férrea.Logo se poderá  deportar   a Casa da Cultura e a Biblioteca pública As administrações municipais deveriam preservar a cultura e a identidade da cidade que transitoriamente administram . A cidade é maior do que o seu governo. A cidade é o que restou da vida dos que nela viveram, é também o dia a dia de cada um de seus moradores.
Hoje pretendem esvaziar a Praça dos seus 140 anos de  existência cultural. A Praça sendo o coração de Caxias é local sagrado. Não dá para  transferir o   coração de uma pessoa  do tórax  para o abdômen  a pretexto que lá há mais espaço .  O lugar da história é intransferível, não há pretexto algum que possa mudar o local onde a cultura  e a  política acontece, onde a identidade vive.  
Querem que a Praça seja o lugar de gatunos, drogados, prostitutas,  vendedores ambulantes e das famigeradas pombas? Pode-se desejar uma Praça morta, mas ainda assim um dia ela vai reviver. A Praça para Caxias significa o que  a Praça da Bastilha é para Paris,  lugar onde  se cultiva  a história. Só  tolos, podem ter tais ideias estúrdias. A tolice tem remédio.  Um provérbio chinês diz "Os sábios aprendem com os erros dos outros, os tolos com os próprios erros e os idiotas não aprendem nunca." E Salomão, o mais sábio dos governantes afirma.  “Quem é sábio procura aprender, mas só os tolos estão satisfeito com a sua própria ignorância.



sábado, 3 de outubro de 2015

DO ESPAÇO



Canais de Marte – agora comprovados como leitos secos de imensos ...






Basta olhar para o céu numa noite cheia de estrelas, deitados no chão para se ter uma noção da imensidão do universo.A Terra é uma poeira espacial,o Sol um estrela de quinta grandeza.Pequenos demais diante da imensidão que os envolve.Cercada de buracos negros que podem engolir qualquer astro e de asteroides que pode explodir um planeta.O universo tem sido explicado de várias formas desde a Antiguidade, mas   o conhecimento sobre  ele ainda reside em teorias. Seja a da relatividade ou a quântica não passam de explicações físicas matemáticas sujeitas a erros. Como foi a teoria geocêntrica que pretendia que a Terra era o centro do universo. Quanta vaidade!
No universo a medida é o ano luz, ou seja, a distância percorrida pela luz por ano (cuja velocidade é de 300 mil km por segundo).  A distancia entre a Terra e a Lua é de 384.405 km ,vizinha de porta, só visitada em 1969. Coisa considerada impossível por muitos sábios e cientistas. Já distancia entre a Terra e Marte é de cerca de 300 milhões de km.Outro vizinho comparado com os outros astros.   O que interessa no momento é o avanço das pesquisas sobre ele. Só agora se fala na possibilidade dele ter água  corrente e não apenas gelo ,o que possibilitaria a vida.  Esta é uma hipótese antiga  foi levantada Schiaparelli ( 1877)que chamou de  canali,  as linhas que cortavam  a superfície de  Marte.
O homem sabe pouco dos mundos que o cerca. Está mergulhado num mundo de ignorância tamanha, que é capaz de negar aquilo que desconhece.  È assim também com os OVNIS e com todas as coisas que ainda não conseguem explicar . Os cientistas da NASA levaram 40 anos para verificar que os canais conhecidos há mais de século tinham água. Será que avanço da tecnologia termina com o obscurantismo?
Obscurantismo que durante séculos foi estimulado pela religião, que fez com que Galileu Galilei tivesse que renegar sua  teoria  no tribunal da Inquisição e  dizer a frase que o consagrou: “ E pur si muove”, o que significa que  a Terra  ainda se move apesar e contra a vontade dos inquisidores. Foi a mesma ignorância que condenou e  matou milhares de mulheres a pretexto  de serem bruxas.
A ignorância continua, enquanto alguns cientistas conhecem verdades, os reles mortais desconhecem , permanecem como simples espectadores de um reality show do universo. Só a NASA  seus sábios americanos são  participantes do show o qual a humanidade apenas assiste . Quando os protagonistas informam alguma coisa pequena e sem importância, os  terráqueos vibram como se eles  fossem  parte de  um saber novo.
Há demasiado júbilo diante  dessas   descobertas  como se elas fossem de todos e para todos os seres humanos. Há muito entusiasmo para pouca  mudança a.Deve se por isso que o velho Machado  afirmou “o melhor do drama está no espectador e não no palco”. Infelizmente o espectador não se torna o diretor de cena. Coisa que  não acontece, nem poderia acontecer. Lembro   Pessoa que  afirma : “O mais alto de nós não é mais que um conhecedor mais próximo do oco e do incerto de tudo.”É o  que eu penso também !


sábado, 26 de setembro de 2015

ABNEGAÇÃO





Existem pessoas abnegadas. Abnegado é o que supera o egoísmo em benefício de outras pessoas ou causas. Há pessoas assim, a maior que conheci foi uma senhora, que durante muito tempo encontrei diariamente, no ônibus no qual íamos para UCS, ela acompanhava sua filha. A filha era uma mocinha cega. Nunca fiquei sabendo  seus nomes nem o que ocasionou a  cegueira dela.Fazia tempo que não a via. Por acaso um dia desses a encontrei na frente de minha casa. Custei um pouco a reconhecê-la, pois não sou boa fisionomista, mas logo me lembrei. Afinal é impossível se esquecer dela. Ela é o ser mais abnegado que conheci.
Perguntei a ela como estava sua filha. Ela disse que “muito bem, depois que concluiu o curso de psicologia, abriu um consultório, casou tem um filho de três anos.” Falou de modo tão alegre e tão radiante como se tivesse tirado a sorte grande. Perguntei ainda porque ela não tinha aproveitado e feito algum curso junto com a filha. Ela respondeu: "Eu nem pensava nisso” e acrescentou: “Bem que eu deveria ter feito!” Mas não fez, pois se dedicava aos cursos da filha e para  e com a filha ela estudava. Afinal, nunca deve ter pensado em si mesma.
Durante dez anos ela acompanhou a filha as aulas na Universidade, onde a filha cursou primeiro jornalismo e depois a psicologia. Ela acompanhou os dois cursos como ouvinte..Ela assistia às aulas, anotava os conteúdos  e os repetia para que a filha os memorizasse. Com frio ou calor em todos os dias da vida universitária da filha ela a acompanhou, sem nunca esmorecer.
Para uma pessoa dedicada à outra a própria vida deixa de ter importância. Mas, nem todas as mães são assim. Tem algumas que pensam como Neruda: quando diz “amor é como espelho tem de ter reflexo”, ou seja, só amam se houver troca, seja de interesses ou de sentimentos.
O amor não é uma mercadoria que se vende ou troca, amor é sentimento sem adjetivos, para Fernando Pessoa  o amor não tem tempos, diz ele Amor não se conjuga no passado, ou se ama para sempre ou nunca se amou verdadeiramente. ” Ou ainda “Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar”. Não há dúvidas essa é uma mulher que deu e dá exemplo do que é amor,setempo ,sem adjetivo!





sábado, 19 de setembro de 2015

TRANSHUMANOS






           
A imaginação do homem é inesgotável, basta lembrar alguns romances como Admirável Mundo Novo (A.Huxley, 1932) ou Este mundo perfeito (Ira Levi, 1970). Há ainda alguns filmes como Robocop e Avatar ,bem como alguns seriados de televisão, que fazem prognósticos sobre o homem e suas invenções ,agora de  pura ficção se tornaram realidades. Sem falar das extraordinárias obras de Jules Verne (1828-1905), que hoje fazem parte do cotidiano do mundo atual, como os aviões, os submarinos e dirigíveis espaciais. O filme Robocop propõe um homem atrelado a uma máquina, sendo forte e sensível ao mesmo tempo. O avanço da ciência prova que isso é  possível.
Matéria publicada no The New Iork Times, no domingo último, dia 13 de setembro, revela que a busca do homem pela vida eterna não é apenas ficção. Diz o texto que uma jovem de 23 anos Kim Suozzi, de Saint Louis (USA) antes de morrer de câncer no cérebro, fez o possível para garantir a possibilidade da sobrevivência de sua identidade. Pela Internet coletou  100 mil dólares para a criogenagem  de seu cérebro em um centro de excelência situado no  Arizona.Ao morrer sua cabeça foi cortada e seu cérebro congelado. O procedimento foi acompanhado e aprovado por seu namorado Josh Schister. Contou ela com o apoio de um grupo de apoio os transhumanos, que defendem a vida sem corpo, pelo modo virtual.   
O fato seria algo banal, já que a crionagem se tornou procedimento quase rotineiro. Mas a grande novidade é  a revelação que o congelamento do cérebro   permite a sobrevivência não só   das células cerebrais   como o   modo de ser e   os conhecimentos. Tal fato atestado pelos maiores especialistas do mundo revela não só a dominância do cérebro sobre os demais órgãos humanos, como garante sua sobrevivência sem o corpo, ou seja, sua vida virtual. As sinapses cerebrais seriam assim a essência humana. A jovem Kim  ligada a um computador poderia contar suas vivencias pessoais nos   séculos vindouros.
Os esforços científicos no sentido de prolongar a vida estão ligados ao anseio maior do homem que é a imortalidade. O homem criou a religião e a ciência com o objetivo de vencer a morte. Nem todos os homens apreciam tal ideia. Diz Fernando Pessoa :”Aborreço-me da possibilidade da vida eterna ;o tédio de viver sempre deve ser imenso.Talvez o inferno seja isso”. Ou como diz Miguel Unamumo: "Se a mortalidade da alma pode ser terrível, não menos terrível pode ser a sua imortalidade.” Ideias defendidas em suas obras por V. Woolf e Simone de Beauvoir. Woody Allen pensa de forma diversa deles : “Eu não quero alcançar a imortalidade através de minha obra.Eu quero tornar-me imortal sem ter que morrer”.
Enfim o homem chega ao limiar de uma era na qual pode almejar a eternidade ao menos para suas sinapses, para isto basta ter dinheiro. Eu pergunto, será que isto é a imortalidade?Será o poder da ciência o caminho para a imortalidade?